Sem ter uma área licenciada para fazer o descarte de entulho e lixo, a prefeitura da cidade Carapicuíba (Grande São Paulo) deposita resíduos sólidos de forma irregular em mais de dez terrenos espalhados pela cidade, entre eles áreas de preservação ambiental e uma aldeia tombada como patrimônio histórico.
O secretário de Meio Ambiente do município, Walter Iseri, é dono de uma empresa de caçambas e foi multado em R$ 41,8 mil pela mesma infração enquanto prestava serviço para a prefeitura em 2010.
Em 2009, a prefeitura já havia interditado a sede da empresa de Iseri, na Estrada da Gabiroba, no bairro de Jardim Gopiúva (a 1,5 km da sede da prefeitura) Apesar de licenciada como ATT (Área de Transferência e Transbordo), o local estava operando fora das normas e não fazia triagem do material reutilizável.
A prática de descarte ilegal é corriqueira na cidade. Entre 2005 a 2007, a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) aplicou sete multas e sete advertências à prefeitura por “disposição inadequada de resíduos sólidos diretamente no solo”. A última delas foi no dia 14 de abril, no valor de R$ 5,2 mil, por “disposição irregular de resíduos diretamente no solo no entorno da Lagoa de Carapicuíba”. No final do mês passado, o jornal O Estado de S. Paulo flagrou caminhões da prefeitura despejando uma caçamba de lixo na mesma lagoa.
Outro lado
O secretário Walter Iseri afirmou que o processo de descarte de entulho em Carapicuíba é “informal” e “difícil de contabilizar”. Ele explica que, às vezes, é feita uma limpeza na cidade e os resíduos são armazenados em um lugar por algumas horas e são retirados depois.
– É uma questão de movimentação, o entulho não fica ali em definitivo.
Sobre o fato de sua empresa, a Marushin Construções e Comércio, já ter sido interditada e multada por descarte irregular de resíduos sólidos a serviço da prefeitura, o secretário afirmou que sua empresa é “independente” e só lembra de ter prestado serviços para o município “há muitos anos”.
– Atualmente, fazemos nosso descarte em Itapevi [cidade vizinha à Carapicuíba], em um aterro regularizado.
A Estre Ambiental, empresa responsável pelo aterro, afirmou receber os resíduos de cinco cidades: Itapevi, Jandira, Cotia, Vargem Grande Paulista e São Roque. Carapicuíba não consta na lista.
Já a ex-secretária de Meio Ambiente da cidade, Olympia de Navasques, ainda trabalha na secretaria como assessora de Iseri e admitiu as irregularidades.
– Não adianta dizer que não. Realmente, em alguns momentos, por falta de local adequado, áreas públicas acabam sendo usadas como transbordo. Fazemos porque não há outra alternativa. Não é uma coisa que a gente queira.
Fonte: R7